segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O que o cinema me ensinou sobre gravidez

~sobre Olmo e a Gaivota e o Renascimento do Parto~



O nome Olmo e a Gaivota é curioso. O Olmo é pode chegar a mais de trinta metros. Sua madeira é usada para móveis e na indústria naval. Uma ligação forte com a terra, enquanto a gaivota está longe da terra duplamente. Prioridades. Primeiro o ar, depois o mar, depois a terra, sem a qual, afinal, ela não sobrevive. Ele Olmo, ela gaivota. Enquanto a Olívia Corsini se autodeclara como uma sonhadora, Serge Nicolai parece perfeitamente confortável com a esposa e a vida que tem, não compreendendo a triztesa da esposa. Eles são dois atores de teatro, que acabaram de se descobrir grávidos. Dirigido pela brasileira Petra Costa em parceria com a dinamarquesa Lea Goel, é um filme doce e raivoso ao mesmo tempo. Originalmente, não era sobre a gravidez de Olívia, mas quando as diretoras descobriram que ela estava grávida, embarcaram na ideia. O resultado é um dos filmes mais marcantes que eu já vi sobre gravidez e sobre a mulher grávida. 

O Olmo e Gaivota desconstrói completamente a ideia da gravidez como algo lindo. É lindo também, mas é muitas outras coisas. É um período de solidão, de dúvida, de dor e de medo. Falta isso no cinema, no mundo. Falta isso como discurso. Esquecer as fases ruins da gravidez cria uma situação com a qual a mulher tem que lidar sozinha, duplica a solidão. E essa é uma das forças do filme: como ele mostra de forma tão sincera essa solidão de Olívia. Foi nítido como a atriz estava abalada emocionalmente, constantemente a beira das lágrimas. Enquanto se prepara para uma peça importante em sua carreira, descobre-se grávida. Uma gravidez de risco que não permite que ela faça exercícios, atue, suba escadas. Ela mora num prédio sem elevador, com muitos... muitos degraus. Então passa a maior parte da gravidez em casa, presa em seus pensamentos. O marido segue a peça, não pode parar, tem que viajar. Vai e volta. São pensamentos sobre o futuro, sobre o trabalho que deixou, sobre o marido que está num lugar que ela própria gostaria de estar. 

Eu entrei no cinema pensando nessa mistura de ficção e documentário que o filme apresentaria. Curiosa. Saí dele pensando sobre gravidez e isso continuou reverberando até agora. Como é importante que as mulheres se vejam na tela dessa forma tão aberta, tão sincera. 



Outro filme que foi uma aula é O Renascimento do Parto,de 2013. Dirigido por Eduardo Chauvet, a obra denuncia o número excessivo de cesarianas no Brasil e faz um chamado para a discussão sobre o parto humanizado. O filme foi o documentário com a segunda maior bilheteria de 2013.A questão do filme é o empoderamento da mulher. Seu poder de escolha. Ela deve decidir onde se sente mais segura e amparada, como o parto será feito e por quem. 

Um dos principais problemas brasileiros relativos à saúde da mulher é a grande quantidade de cesáreas. A Organização Mundial de Saúde recomenda que essas cirurgias sejam usadas em situações especiais e o índice da cirurgia não deve ultrapassar os 15%. Em todo o Brasil, o índice é de quase 40%, enquanto nos hospitais particulares chegam a quase 90%. Muitos motivos resultam nessa prática: medo da mulher, o custo e a rapidez de uma cesárea e especialmente falta de informação.

O filme é extremamente informativo. Pode ajudar mulheres (e homens!) que querem saber mais sobre parto humanizado, sobre a real necessidade de cesárea, sobre métodos internacionais e faz um panorama exemplar de como o assunto vem sendo tratado no Brasil. Veja agora e beijos. 


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Soylent Green: a ficção científica que reverbera no real


Soylent Green é um filme impactante.  "The horror, the horror", diriam alguns. Produzido em 1973 e dirigido pelo esquecido Richard O. Fleischer é um filme de ficção-científica com forte viés ecológico. Discute com propriedade questões levantadas durante os anos 1960 com o surgimento dos movimentos ecológicos, que cresceram junto com a contracultura, os movimentos negros, feministas e homossexuais. A história tem como universo o ano de 2020, num mundo degradado, superpopuloso, superaquecido e no qual falta comida. 

~~ Richard O. Fleischer é um desconhecido para a geração mais jovem. Nascido em 1916, e produzindo filmes entre a década de 1940 e 1980 não é de se estranhar esse fato. O diretor, porém, está a frente de adaptações clássicas como 20000 léguas submarinas (1954) e O Fabuloso Doutor Dolittle (o de 1967, não aquele com o Eddie Murphy, mas um musical que é a primeira adaptação cinematográfica dos livros infantis de Hugh Lofting). Ele nasceu dentro do mundo do entretenimento: seu pai é o idealizador de Betty Boop e quem levou Popeye às telas. ~~

O filme começa com uma compilação de fotos de degradação obviamente reais que introduzem o horror que será o filme para aqueles que se preocupam com o meio ambiente. Faz lembrar as imagens devastadoras de Hiroshima Mon Amour, de Alain Resnais. Ainda, o sentimento é semelhante ao proporcionado pelo livro 1984, de George Orwell. É um misto de espanto e medo, ao perceber os horrores destas distopias fictícias e o quão próximo estamos delas. É um filme daqueles que você sai da sala de cinema querendo largar tudo, ir acampar por um ano e talvez nunca mais voltar. 

Em Soylent Green pessoas pobres disputam comida a tapas, dormem amontoadas pelos corredores de prédios, e são retiradas das ruas com a ajuda de tratores e colheitadeiras. quando se rebelam. Até aí, a fome, a falta de habitação e a truculência estatal fazem são paralelos bem atuais para o Brasil e o mundo. Para além disso, os alimentos são restritos às pastilhas fornecidas pelo Estado, chamados de Soylent enquanto só os ricos se alimentam bem. Soylent é uma palavra inventada no livro de Harry Harrison, "Make Room! Make Room!", um neologismo que mistura Soy (soja) e lentil (lentilha) e no qual o filme tem alguma inspiração. Soylent Green, que dá nome ao filme, é uma pastilha nova que vem sendo introduzida porque os componentes para fazer as outras (soja e algas, se não me engano) estão acabando. As mulheres ricas são objetificadas e colocadas a mercê dos homens de poder. E ainda devem ficar feliz com isso, porque a outra opção é a total penúria.

Nesse mundo onde sabonete, carne, morangos e todo o resto é restrito, o filme conta a história do policial Robert Thorn (Charlton Heston). Por sinal, "Thorn", em inglês, significa "desconforto, irritação", justamente aquilo que o filme passa para os espectadores e o que Thorn acaba virando para a corporação policial e para os ricos ao "investigar mais do que o necessário". Nos é apresentada uma Nova York superpopulada com 40 milhões de habitantes, onde Thorn é designado para investigar a morte de um milionário e não tem pudor em se aproveitar das regalias que encontra na casa e que nunca tinha visto. Aos poucos, o cenário apocalíptico é mostrado, enquanto Thorn tenta desvendar o mistério de quem matou o empresário. O que Thorn descobre no final [OPA, SPOILER MASTER] é que parte dessas pastilhas comestíveis, mais especificamente o Soylent Green é feito dos humanos que morrem. O empresário havia sido morto porque, velho, começava  rever aquilo com o que estava compactuando.

Se ainda não chegamos ao ponto de institucionalizar a transformação de cadáveres (ufa!) em comida, o filme vem alertar, com um cenário mais do que apocalíptico, para a degradação ambiental que temos hoje e o que ela vem causando e pode causar: aquecimento global, contaminação das águas e do solo, concentração populacional, pobreza generalizada, etc. Ao criar uma dicotomia clara entre a classe governante e a governada, entre os milionários e os paupérrimos, preconiza o que vemos hoje: uma concentração de renda cada vez maior, onde 1% da população mundialdetém 50% de todo o PIB do planeta.  A Onu afirma que, na verdade, não existe pouca produção de alimento, mas má distribuição, o que causa o mesmo efeito da escassez: fome. 

Este é um filme de ficção científica de seu tempo. Não espere efeitos especiais alucinantes que foram possíveis em poucos momentos da época. Mas a mensagem é extremamente atual. A ficção científica anterior aos anos 60 retratava mais frequentemente a temática das guerras tecnológicas, exploração do espaço, fazendo um forte diálogo com a Guerra Fria.  Entre as referências dos anos 1950 podem ser incluídas The War of the Worlds (1950), dirigido por Byron Haskin, com roteiro baseado no livro A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells; Destination Moon (1950), de  Irving Pichel; Dr. Fantástico (1964), de Stanley Kubrick. 

Nos 1970 surgem novas concepções da ficção científica, que engloba os impactos da ciência e da tecnologia na vida humana. São representantes desta década, THX 1138 (1970), de George LucasLaranja Mecânica (1971), de Stanley Kubrick, a série Mad Max e o Soylent Green, de Fleischer. Esses filmes fogem das temáticas específicas das guerras e corrida espacial e discutem a sociedade do controle e da disciplina, a intervenção da tecnologia na vida das pessoas e o impacto do modo de vida humano no planeta. Soylent Green, tem como temática principal a falta de comida devido a degradação ambiental causada pelo homem e é um filme extremamente relevante de sci-fi da época. 

 Não achei o filme em boa qualidade no youtube. Só na versão em espanhol: https://www.youtube.com/watch?v=z4zm_cZYgxo

terça-feira, 26 de maio de 2015

Ventos de agosto

Eu sempre tive uma impressão estranha sobre o termo audiovisual, porque o “áudio” precede o “visual” na palavra e é exatamente o contrário que parece acontecer na maioria dos filmes. As imagens costumam ser mais importantes, mais comentadas, mais significativas. Só que o filme Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro, utiliza muito, muito bem o som. E também as imagens. Não consigo decidir o que é mais significativo. 

Pesquisando aqui, achei o belo portfólio do diretor pernambucano (gente, Pernambuco tá com tudo!). Vi que ele dirigiu Domésticas. ~~Lembro que vi esse filme no começo da faculdade, mas não gostei muito. Não lembro porque, mas verei novamente e comentarei com mais propriedade porque  não gostei. Ou então venho aqui me redimir.~~

Mas, de volta ao Vento de agosto. Os primeiros 20 minutos não tem falas significativas. Só sons maravilhosos e imagens orgásticas. Êxtase ocular. Nossa senhora, é muito lindo. O som dos animais, do vento, tudo em hiper sonoridade (neologismo, ê). Ou será que eu que assisti alto de mais? Tenho uma certa agonia de não entender os diálogos travados e isso aconteceu o tempo todo. A cada vez que eu não entendia uma frase, aumentava o volume. Aí cheguei no máximo da TV. Talvez tenha sido o sotaque, mas acho que é intencional mesmo. Os sons do mundo, mais do que os diálogos, tem importância nessa construção. Praticamente não é necessário ouvir o que os atores falam para entender as cenas. Muy Bueno.

Quem já viajou pelo Nordeste encontra um retrato muito impactante do que vemos por lá. Trabalhadores rurais envolvidos na extração do coco, palmeiras lindas e gigantes, praias que ameaçam invadir a cidade, um mar azul, sem ondas, o serviço público triste, até. Eu estive em Alagoas no começo do ano e vi muito do estado ali. Também, Alagoas é vizinho de Pernambuco, estão ali colados, sobrevivendo mais ou menos das mesmas atividades. (Num momento do filme, da delegacia, é em Alagoas, repara só). Imagens maravilhosas ocupam incessantemente a primeira meia hora do filme, com a participação dos dois atores principais que eu achei muito bonitos. Ambos. Dandara de Morais e Geová Manoel dos Santos, interpretando Shirley e Jeison.

No final, comecei a me perder um pouco na história. Não sei se me distraí ou se o filme vai perdendo um pouco a força, quando não se decide pela história do captador de som, ou de Shierley e Jeison, ou ainda do mistério da caveira. A resenha promete: Os ventos crescentes marcarão os próximos dias da pequena vila colocando Shirley e Jeison numa jornada sobre perda e memória, a vida e a morte, o vento e o mar”. Essa questão da jornada ficou bem solta no final, o que não é de fato um problema geral, mas pessoal, acho. 

Eu fiquei de cara já com o trailer. Quando o filme começou foi olho grudado na tela. A imagem de abertura, quase PB, no barco; a imagem de Shirley e Jeison no barco, a insersão das trilhas sonoras de rock no meio daquelas imagens do interior. É tudo muito bem pensado, muito bem fotografado, enquadrado e dirigido. É uma aula de cinema.

O filme está disponível no  iTunes e no Vimeo On Demand! Mas fiquem ligados na page porque ele está sendo exibido em vários lugares. Eu, por exemplo, assisti no Canal Brasil ainda a pouco. No dia 30 de maio vai rolar reprise. Vejam o trailer e apaixonem-se! Pelo nordeste, pela fotografia e pela composição:)




segunda-feira, 27 de abril de 2015

Triste Baía: repensando o assunto, produção e bastidores





A ideia do curta começou com tristeza mesmo, por isso o nome. A Baía é triste, é tudo triste, eu fico triste quando passo pelo Fundão, tanto pelo estado dos canais que cercam a ilha quanto pelo engarrafamento; fico triste quando passo pela Ilha do Governador e vejo aquelas praias lindas embaixo dos viadutos; quando vou à Paquetá e tudo que tem lá é peixe morto; quando vou à Praia Vermelha e fico com medo de entrar na água e pegar uma pereba braba. Fico triste de verdade. E o perigo disso é desistir. É dizer que já era, que não tem mais jeito, que daqui é pra pior. Não, não é assim. Tem muita gente lutando de verdade pelo meio ambiente. Tem gente indo em audiência pública, acampando (como o pessoal do Golfe para quem?), processando, fazendo abraço em árvore, promovendo cursos, conhecimento, discutindo e conseguindo resultados. É o que Alex, o pescador, nos contou sobre a construção de mais uma pista do Galeão. Não, eles não aceitaram. Protestaram até o projeto dar pra trás. E a reforma do pier. Eles não desistiram. Estão aí, lutando por um pier melhor, fazendo mutirão, convocando as pessoas, disseminando o problema e buscando soluções. 

Colhereiro: não queria ser fotografado
Sérgio Ricardo, ambientalista e um dos entrevistados,  teve uma das falas que mais me impactou: para ele, existe um discurso de que a Baía está morta. Se ela estiver morta, pode degradar ainda mais, pode fazer o que quiser. Mas a experiência de ir na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim me mostrou o contrário. Lá, é como se a Baía nunca tivesse sido tocada. E, apesar de curtir o bondinho, o calçadão de Botafogo e o Aterro do Flamengo, achei a Baía intocada muito mais bonita. 

Garça posando para as câmeras


Mais especificamente o Triste Baía fala sobre os imbróglios envolvendo a despoluição da Baía de Guanabara, que teve seu primeiro plano de despoluição idealizado há mais de 20 anos. Foram quatro entrevistados que são envolvidos seriamente com a questão ambiental. A ideia do curta surgiu quando eu estagiava no Jornal do Brasil Online, em 2014. Fiz várias reportagens sobre a despoluição da Baía de Guanabara e entrevistei o biólogo Mário Moscatelli. Achei incrível a dedicação dele e, mais ainda, o discurso dele foi um tapa na cara. Toda a ingenuidade que eu poderia ter sobre a gestão do meio ambiente foi por água abaixo quando entendi o que ele dizia. Não existe má gestão, o dano é intencional e existe por causa da ganância inerente ao nosso sistema político-econômico. Moscatelli monitora a quinze anos diversos sistemas lagunares do Rio, entre eles as lagoas de Jacarepaguá e a Baía de Guanabara. As primeiras entrevistas que eu fiz com ele foram muito impactantes, porque normalmente os entrevistados não querem ser considerados radicais, então medem cada palavra que falam. Ele não era assim. Falou, com muita expertise, sobre tudo que eu perguntava. Foram matérias que eu gostei bastante de fazer. Vou colocar aqui embaixo.







Equipe feliz porque eu não dirigi neste dia e o Moscatelli nerd
Pois bem, depois dessa sequencia de reportagens, vi a chamada do edital e fiquei com aquilo na cabeça. Escrevi tudo que eu tinha aprendido sobre o tema e pronto! Durante a produção do filme, conheci o Alex Santos, pescador da região de Tubiacanga, Ilha do Governador e, através dele, o ambientalista Sérgio Ricardo. Fiquei chocada ao ver o estado da Baía de Guanabara de perto. No caso, Tubiacanga. A parte da Baía que dá para a Praia de Botafogo, Flamengo, Marina da Glória, etc ainda é mais maquiada. Mas experimenta ir nas margens do Canal do Cunha. A palavra triste perde até o significado. (aiai)

Margem de Tubiacanga, Ilha do Governador

Nos encontramos em Tubiacanga, fizemos fotos, conversamos muito e pudemos observar o estado da margem do lugar, o estado do píer. Foi muito triste perceber como o diálogo entre os pescadores e o Ministério da Pesca e as secretarias é falho. Não é por falta de atenção dos pescadores, que são bem organizados em uma associação, buscam seus direitos junto ao MP, e junto aos órgãos competentes. Eu sinceramente ainda não tinha entendido qual era o problema. Só descaso? Até o Moscatelli dar um daqueles tapas bem dados que mudam sua concepção sobre um assunto: "isso se chama industria da degradação. Não é burocracia, não é má gestão. Despoluição não dá dinheiro e exploração máxima sim". Esse é o resumo da ideia. O desgoverno que vivemos não se importa em explorar ao máximo todos os recursos ambientais. Essa parece ser aquela ideia de conspiração máxima, mas não é. A degradação na Baía de Guanabara é algo tão antigo quanto o Rio de Janeiro. É uma cultura de exploração que está sendo muito bem aceita até agora, obrigada. 

Não é que agora os interesses econômicos na Baía começaram. Nem a degradação.  Desde a colonização é assim. O primeiro grande prejuízo ambiental da Baía acontece ainda no século XVI. Logo que o Rio de Janeiro é habitado, as matas das Ilhas da Baía e da costa transformam-se em reservatório de madeira para os mais diversos fins. Depois, se instala a caça às baleias. Elas usavam as águas calmas da Baía para ter e criar seus filhotes e quando chegavam na região eram caçadas para os mais diversos fins: sua gordura era usada para a iluminação da cidade ou misturada com cal para fabricação de cimento. E a predação gerava outros problemas. As armações para caça das baleias causavam mal cheiro e poluíam as águas, assim como os restos mortais dos animais. Porém, isso foi ignorado e a pesca de baleias se tornou tão importante economicamente que foi monopolizada por Portugal. Tirando isso, ainda existe todo o esgoto da cidade, que era levado à céu aberto até a Baía. O esgotamento do Rio só começa no século XIX.  Essas informações vieram especificamente do livro Baía de Guanabara, do Victor Coelho. É uma aula. (Por sinal uma aula incompleta na minha vida porque não terminei de ler, mas enfim,..)

O que temos que entender é que a poluição e a degradação ambiental em função de benefícios econômicos não é de hoje. É desde que o mundo é mundo, ou que o capitalismo existe, sei lá. São poucos as iniciativas de desenvolvimento sustentável em função da Baía de Guanabara - e pensando bem, em função de qualquer coisa no Brasil. E no mundo? Por isso mesmo, elas tem que ser mostradas e incentivadas. E por isso fiz questão de ir até a APA de Guapimirim, onde fomos guiados pelo chefe de lá, Maurício Muniz. Eles tem projetos de desenvolvimento sustentável junto com os pescadores e moradores locais. Fiquei sabendo que boa parte dos caranguejos que comemos vêm daquela região. Embora não tenhamos nos aprofundado nestas questões das iniciativas da sociedade civil, isso vem se formulando na minha mente. As Ongs, os projetos, os coletivos vem movimento todas as cenas e o que mais precisam é divulgação. Projeto pro futuro. 

A Sylvia Palma, um dos interlocutores do Futura com os proponentes me disse uma cosia que eu não esqueci: se você começa e termina um filme com a mesma opinião e ideia com a qual começou, alguma coisa tá errada. Então acho que tudo deu muito certo, porque o filme se transformou totalmente ao longo da produção e eu também. 

A produção: dicas para quem quer fazer um curta? 

Devo confessar que a produção do curta foi relativamente tranquila. Eu conhecia "bastante" o assunto por conta das matérias que já tinha feito e já tinha contato com os entrevistados. O que mais pegou foi aluguel de equipamentos, agenda dos entrevistados e utilização de equipamento. Por mais que o espaço dado pelo Futura seja ótimo, acreditem, seis mil reais não é nada para fazer um filme. 

Equipamentos são caros, é fato. O ideal é ter alguém que tenha as coisas. Consegui alguém assim, então ficou faltando o equipamento complementar de som: alguns dias gravador, outros o microfone. Consegui coisas bem baratinhas (aluguel de diária por R$50. Mas foi correria). Já a música que eu queria originalmente utilizar (Triste Bahia, do Caetano Veloso) iria me custar $1000. Tentei de tudo com quem tem os direitos da música (a Warner), mas não teve jeito deles liberaram a música de graça. E olha que eram só 20 segundos da abertura. Felizmente tenho a sorte de conhecer uns músicos talentosos que fizeram uma trilha original de graça. Uma coisa legal que a tecnologia proporciona é cada um fazer suas coisas na sua casinha. Eu não participei da produção das músicas presencialmente. Só ia dando minha opinião por email, pedindo ajustes. E deu certinho.

Equipe lindona! 

Uma grande dica é: trabalho coletivo é ótimo, mas divisão de função é melhor ainda. É muito legal poder construir uma narrativa e todo o resto em conjunto, mas na hora de fazer o filme achei  essencial a divisão de função (pelo menos foi essa a minha experiência nesse momento). Cada um faz uma coisinha, não dá muito pitaco no trabalho do amigo que tá concentrado. Outra coisa é conhecer bem o equipamento. TEM QUE testar TUDO antes. Câmera, bateria, som. Quando eu digo antes, é antes de sair de casa, não no local, antes de entrevistar. E chamar alguém que saiba o que tá fazendo. O que não foi o nosso caso, já que ninguém era muito experiente. Aprendemos algumas coisas durante a produção depois de nos ferrarmos - o áudio não ficou perfeito, tivemos muitas imagens tremidas que não tinham como ser usadas, tivemos problemas com as cores porque não prestamos tanta atenção nas diferenças da luz: uns com muito sol e outros com muita sombra... Enfim, várias coisas.

Contrate um motorista ou chame um amigo. Eu usei o carro da minha mãe em algumas gravações e foram as piores. Motoristas amadores não conhecem os caminhos (e atalhos) que os motoristas profissionais conhecem - ou amigos motorizados que sabem o que estão fazendo. Isso me fez gastar muito tempo e chegar nos locais estressada e cansada. O diretor tem que se concentrar na sua função, mas quando a questão é cortar os custos... Motoristas profissionais também sabem aonde te levar se você descrever o que quer fazer.

Por último: por mais que eu tenha inscrito a ideia, o filme não é meu. É de toda a equipe. Sem o trabalho de um deles, tudo daria errado. Ou melhor, o tudo seria nada. Fazer um filme é um processo coletivo assustador. Você tem que contar de verdade com aquelas pessoas e elas tem que saber disso. Tem que ter sintonia. Não sente para fazer um filme com quem você tem muitas desavenças, a não ser que queira trabalhar nelas. Outra: Se você quer ter um maior controle sobre o resultado do filme, edite-o. O filme vira outra coisa na ilha.


Sobre o  como o curta foi viabilizado: No final de 2014 eu ganhei o edital do Canal Futura para o programa Sala de Notícias. Esse edital é semestral e é um projeto muito bacana. Você pode olhar todos os vídeos, editais passados e informações sobre o programa aqui. Basicamente, o Sala de Notícias é uma faixa da programação que abre espaço para reportagens audiovisuais independentes e dá suporte financeiro para a produção. Tem uma versão universitária e uma versão para não universitários. É um espaço em rede nacional para fazer uma reportagem autoral, coisa difícil de se arranjar. Tem todo o tipo de temática: música, meio ambiente, tecnologia, saúde, mobilidade. Só não lembro de ter visto nada sobre segurança pública, mas tá na mira.

Ficha técnica do curta:

Direção: Gisele Motta
Produção: Gisele Motta e Karina de Abreu
Edição: Gisele Motta e Rodrigo Pinheiro
Câmeras: Felipe Kusnitzki, Karina de Abreu e Rodrigo Pinheiro
Trilha sonora: Davi Boia, Fábio Guerra, Thiago Guerra e Phelippe Lobo
Sonoplastia: Phelippe Lobo

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Na quebrada (e no cinema)






O filme Na Quebrada, dirigido por Fernando Grostein Júnior, conta a história de três jovens de Nova Brasilândia, uma favela de São Paulo, que acabam conhecendo o cinema por conta do trabalho de uma Ong, o Instituto Criar.As histórias e o filme em si não fogem muito do que vem sido mostrado em filmes de favela, quase um novo gênero.  Na verdade o filme veio para a comemoração de dez anos da Ong, sendo assim, cumpriu bem seu objetivo. Vamos a história e aos pontos fortes. 

O filme segue a trajetória dos quatro adolescentes: Júnior (Jean Luis Amorin), Joana (Daiana Andrade), Zeca (Felipe Simas, que segundo minha amiga faz Malhação, mas só fez eu recordar o Kayky Brito)  e Gerson (Jorge Dias, filho do Mano Brown). Júnior é o personagem engraçado e atrapalhado, que vive levando choques e quebrando as coisas (me lembrou eu mesma). Parece caricato, mas os depoimentos reais no final do filme mostram que essas pessoas existem mais na realidade do que na ficção. Joana é uma menina que esta grávida e tem pais cegos, vivendo o drama do seu irmão também estar ficando. Zeca tem que lidar com os pais no mínimo chatos porque quer se tornar um cineasta. Gerson tem a história mais complicada, com uma mãe solteira e o pai no presídio. A mãe leva drogas para o pai, até que ele morre e Gerson precisa entrar no mundo do crime para pagar dívidas. 

Zeca, por sinal, tem sua história baseada na trajetória do co-diretor do Filme, Paulo Eduardo, que foi marcado pela violência quando leva um tiro na adolescência. Ele se entusiasma com o cinema e cria uma sala dentro da comunidade, o Cine Rincão. Tudo isso está no filme. O Cine Rincão foi tema de um curta metragem que chegou ao Festival de Veneza, também dirigido por Grostein Júnior. Ele fez parte de um projeto da revista italiana Colors, que buscava curtas de pessoas que tinham sido baleadas em zonas de conflito pelo mundo. Entre 15 mil inscritos em todo o mundo, Cine Rincão ficou entre os 10 finalistas exibidos no Festival de Veneza de 2012. Ah, dado interessante: O Cine Rincão, o curta, tem a trilha sonora de Caetano Veloso e também de Lucas Lima (da Família Lima, sabe? Que casou com a Sandy. Do Sandy e Júnior, lembra?). Lima também participou da trilha sonora do Na Quebrada. 




O que todos eles tem em comum é que moram em Brasilândia e acabam num curso de Cinema, do Instituto Criar. Até aí um filme é, vai, nota C. Porém, o que chamou a minha atenção foi a ÓTIMA atuação daqueles que fazem papel de presos no filme, especialmente o pai de Gerson, interpretado por Anderson Lima. A situação foi explicada no final, quando é mostrado que os presos que participaram do filme são presos ou ex-presos reais. Eles são parte de um grupo de teatro Do Lado de Cá, que realiza atividades artísticas dentro da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos, SP. Isso é simplesmente genial. Incluir os presidiários num grupo desses já seria interessante o suficiente, mas contar com a ajuda deles num filme como esse é ainda mais importante, tanto para sua valorização como para reintegração. 

O filme é dirigido por Fernando Grostein Andrade que já fez trabalhos muito bons. Ele dirigiu Quebrando o Tabu (se você ainda não viu esse filme, para tudo e vai aqui, ó.), que fala sobre a política de combate às drogas no Brasil e em vários países do mundo. Ele também é diretor de Coração Vagabundo, que tenho certeza que é muito bom, mesmo não tendo visto, haha. O documentário sobre o Caetano Veloso (vou dar um S2 aqui) está no topo da minha lista para coisas urgentes a serem assistidas. Ele traz o cotidiano da turnê do disco A Foreign Sound, o único disco de Veloso gravado em inglês. 

O engraçado é que Fernando Grostein Andrade, filho de Mário Andrade, é meio-irmão de Luciano Huck, fundador da Ong. O histericamente engraçado, para mim, é que Luciano Huck apoiou com afinco a candidatura de Aécio Neves na corrida presidencial deste lindo ano de 2014. Justamente Aécio, que é a favor da redução da maioridade penal, o que levaria mais crianças e adolescentes das periferias para o sistema prisional tão bem retratado no filme: violento, superlotado, que dá poucas chances de recuperação. 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Rio eu te amo: entre o marketing e o artístico




"Rio eu te amo" é a mais nova estreia que fala sobre o Rio de Janeiro. Ele é o terceiro filme da trilogia Cities of Love (Cidades do Amor), que já retratou Nova Iorque e Paris. Apesar das críticas negativas que recebeu, se fosse para colocar na balança, vejo ele mais como positivo do que negativo. Vamos aos porquês. 

É claro que o filme tem um viés comercial mais do que óbvio. É um marketing descarado e exagerado do Rio de Janeiro, com panoramas longas e constantes e as belezas naturais mostradas numa frequência obscena. Os principais cartões-postais da cidade aparecem como cenários para as histórias: Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Theatro Municipal, Praia de Copacabana, São Conrado, Vidigal.

Porém, não é por isso que algumas intenções deixam de ser mais do que boas. São sinceramente geniais. Por exemplo, o curta dirigido pelo australiano Stephan Elliot (diretor de Priscila, a rainha do deserto), onde Marcelo Cerrado interpreta um voluntário do conhecido Festival Internacional de Cinema do Rio. Cerrado vai buscar um ator mal-humorado interpretado pelo ator australiano Ryan Kwanten (?). Bem, além do final inusitado que eu não comentarei aqui, tem uma cena fantástica onde a dupla escala (!!) o Pão de Açúcar sem equipamentos e ao chegar no topo dá de cara com uma cantora toda vestida de Branco cantando 'Eu preciso dizer que te amo'. A cantora em questão é Bebel Gilberto, filha de João Gilberto, que canta o clássico de Cazuza. 

Enquanto muita gente achou a participação constrangedora, confesso que dei várias risadas no cinema quando vi aquele curtinha sem graça se transformando numa coisa muito louca onde uma mulher vestida de branco e imitando um anjo começa a cantar Cazuza enquanto os dois caras chegam exaustos no topo do Pão de Açúcar. Fico constrangida mesmo é pela incapacidade das pessoas de entender o bom humor de Elliot e achar que ele foi cafona. Cafona também é vida. Pastiche também pode ser crítico e é uma estética intencional que dá cero. 

Outro curta que me fez sorrir foi o intitulado Copacabana, dirigido por Fernando Meirelles (Cidade de Deus e 360). Retratando numa luz ousada (estourada, linda) e num ângulo incrível o calçadão de Copa, ele sincroniza os passos dos pedestres com sons, músicas e barulhos. O simpático ator francês Vincent Cassel interpreta um artista de rua que faz esculturas na areia e reconhece, pelo som, uma bela mulher. O que me impressionou mesmo foi a direção de fotografia, o lúdico do filme, o experimental dentro da sequência de historinhas que tecem a linha narrativa do longa. 

Por último destaco o criativo "Vidigal". Neste curta, dirigido pelo coreano Im Sang-Soo um vampiro sobe o morro e se sacia numa zona de prostituição. A história não seria tão engaçada se não fosse a atuação de Tonico Pereira. O ator sênior interpreta o mordomo-vampiro meio robótico, que agrada pela comicidade. 

Fernanda Montenegro fica subutilizada no papel de Dona Fulana, no curta de Andrucha Waddington (Casa de Areia, Eu tu eles) que, apesar do nome, é brasileiro. Ela é uma mendiga sem graça e a questão dos moradores de rua não é tratada com a devida importância, beleza, sinceridade ou o mínimo de criatividade. Rodrigo Santoro também faz um bailarino que não convence muito num curta muito entediante do Carlos Saldanha, onde a apresentação acontece atrás de um pano, só com as silhuetas dos bailarinos. Que obviamente serve para disfarçar que não é Santoro dançando. Não sei, achei estranho. Era pra usar só o nome dele? Por que não valorizar um bailarino da Companhia do Theatro Municial? Wagner Moura, então? Faz umas críticas aleatórias enquanto fala com o Cristo voando dentro de um parapente. Só. Os atores mais famosos não se destacaram. Possivelmente foram chamados para alavancar o filme e tal e tal. 

Realmente, o filme faz parte de uma tendência em vender as cidades como mercadorias para o turista internacional, mas é impossível negar que a reunião de expoentes do cinema resultou em algo que tem seu charme.  

terça-feira, 15 de julho de 2014

Bansky: Exit Through the Gift Shop


Fiquei mais de uma semana enchendo alguns amigos para vermos esse filme e fiquei um pouco surpresa porque alguns não conheciam. Eu achei que o Banksy fosse absolutamente conhecido, mas parece que ele ainda pode ser considerado minimamente underground. Se você não conhece o Banksy... Bem, ninguém realmente conhece. Ele é um grafiteiro inglês que esconde sua identidade, talvez por isso seja tão famoso. Mas não só por isso. Seus grafitis e estêncils são incontestavelmente interessantes. Além do cunho político, eles se desenvolvem com uma conexão sempre direta com o que está acontecendo, como guerras, violência, cultura digital, etc. Ele também interage bastante com o ambiente, não só pintando coisas aleatórias. Ele é, na verdade, um artista plástico completo: também pinta, faz esculturas e instalações. Ah, ele usa constantemente símbolos de ratos e anarquismo. Se um dia você estiver de rolé em Londres, Bristol ou redondezas, preste atenção.



De qualquer forma, esse documentário,  Exit Through the Gift Shop (todinho no youtube, dá para achar com legenda em inglês, português, sem legenda, etc) fala um pouco sobre ele, mas na verdade foi dirigido por ele. A história é o seguinte: um locão francês que mora Los Angeles chamado Thierry Guetta é completamente viciado em filmar. Ele filma a família, seu trabalho, tudo mesmo. Até que começa a filmar grafiteiros em LA, por influência de um primo, que o apresenta a um artista local. Therry passa um bom tempo seguindo esse cara, que o apresenta a várias outras pessoas.



Ele tem incríveis e inesgotáveis horas de artistas de LA pichando e de suas obras. Ao longo do tempo, vira amigo dos grafiteiros - embora todos o achem um pouco estranho. Até que, um dia, Banksy aparece na cidade e acaba precisando da ajuda de alguém. E esse alguém é Terry. Os dois começam uma parceria, com Therry gravando Banksy, uma coisa praticamente inimaginável já que, na época (entre o final dos anos 90 e 2000- imagino, já que o filme é de 2010) Banksy já era um famoso anônimo. Logo Therry vai para Londres e também faz imagens de pichações, instalações e do ateliê de Bansky.

A questão é que Therry ganhou a confiança de Banksy e fez imagens incríveis. Ele se propôs então a fazer um documentário sobre o assunto, que ficou pronto. Porém, segundo Banksy,o documentário ficou uma bosta. Eu procurei o doc e achei um teaser de 15 minutos (o filme teria pouco mais de uma hora). Eu, particularmente, achei incrível. Apesar de parecer psicodélico, acaba dando uma visão interessante sobre a rapidez com que a cena underground cresce e a velocidade que as pichações se tornam arte e são invariavelmente destruídas. O filme se chama Life Remote Control e eu não tive - ainda - paciência de tentar baixar o filme todo em algum canto da rede. Mas o teaser de 15 minutos está no youtube mesmo.



 De qualquer forma, depois de Bansky achar o filme de Therry uma tortura visual, ele resolve dirigir um doc com as imagens de arquivo de Therry, usando-o como personagem principal. O resultado é empolgante. Vale aqui um adendo sobre Therry, que acaba sendo personagem interessante:





 Ele é tido pelos grafiteiros quase como um mascote. Até que resolve ser artista, o que é, na minha opinião conservadoramente contestado. Ele contrata uma turma de artistas para fazer acontecer suas ideias mais loucas e faz uma exposição gigantesca em LA. Ele acaba se tornando um artista pop- no sentido de reutilizar os ícones pops- mas também no sentido de ficar bastante famoso, conhecido como Mr. Brainwash.Alguns grafiteiros acham que ele não faz uma "arte pura", talvez? Mas eu achei os trabalhos dele uma contestação da mídia, e justamente uma reflexão sobre o que pode e não pode ser considerado arte na contemporaneidade.


Se você quer saber mais um pouco sobre o Banksy, leia essa matéria da Super, que pode dar uma ideia. Uma coisa legal é que o Bansky dirigiu uma abertura de um episódio dos Simpsons. É no mínimo cruel. Ah, ele tem um site oficial também. Hoje em dia ele é um cara que vive de grafiti. Tem gente arrancando os muros que ele picha. Mas ele já fez uma ação legal, onde vendeu as obras por sessenta contos nas ruas de NY. Até agora não tenho certeza porque desse nome para o filme. "Saída pela loja de presente"?